Paramos.
Detemo-nos o tempo necessário para reflectirmos, detemo-nos o tempo necessário para não reflectirmos.
Desprendemo-nos de quem já não somos.
Somos nada. Somos tudo.
Simplesmente.
Paramos.
Detemo-nos o tempo necessário para reflectirmos, detemo-nos o tempo necessário para não reflectirmos.
Desprendemo-nos de quem já não somos.
Somos nada. Somos tudo.
Simplesmente.
… principal ponto de partida para o encarceramento pessoal de cada um.
Entre prazeres mórbidos vindos do alheio, há um meio de defesa a seguir que passa pelo respeito autocontrolado de cada um sobre os seus valores.
Esse domínio pessoal, de difícil realização, é que nos mantém no caminho da integridade e saúde mental.
A aceitação social é de suma importância, querendo dizer com isto que para que os outros aceitem, também eles têm que ser respeitados na sua integridade.
“…o rio fazia sentido para o barqueiro porque ele acreditava nele, isto para além de que tudo o que havia à volta dele: o céu, as pedras, a erva, etc... é assim que deve ser a vida... a nossa interpretação da realidade não se deve validar, pelo facto de ser o modelo explicativo mais preciso, exacto do que está à nossa volta. O que é importante é que ele faça lógica para nós, que apesar de ser diferente dos pensamentos dos outros indivíduos, ele funcione para nós. Era assim que o rio fazia sentido para ele. (…) Só assim se consegue aprender. Sulcando o nosso caminho, sujando-nos de vida, como ele bem disse.” (Herman Hesse, Sidharta)
Pedro Renca, através do seu livro “Historinhas em Psiquiatria”, mostra-nos o sentido da vida dos seus utentes, mostrando-nos pensamentos de cada um.
Em cada paciente psiquiátrico nos podemos rever, com a diferença, o limite, a fronteira que nos separa, que é o do não encarceramento individual.
Deixa um conselho através do desenho de um “smile” e uma frase dita, de incentivo, que retrata a sua missão “Nunca se esqueça de sorrir”, com olhos abertos e sorriso nas palavras.
Quis fechar a porta, mas deixei-ta abrir.
Quis amar-te, mas não me deste tempo.
Quis um filho, mas matei-o na sua inocência.
Não quis a mágoa, mas inevitavelmente quis-me ela.
Quis chorar… e fi-lo.
Respira fundo, esquece-te dos fracassos e acredita como se fosse a primeira vez.
Preciso de estar com os meus iguais, para sentir o aroma da terra e a infinidade do céu.
Quis beber sofregamente do poço a água fresca que me iria matar a sede, e que sede eu tinha.
Ajoelhei-me na beirinha, afastei os limos e das minhas mãos fiz uma concha para reter a água. Sorvi a água e enchi novamente a concha, até me satisfazer. Fui molhando a ponta do nariz, os lábios, as faces, o cabelo... Aquela água fresca parecia convidar-me a outros prazeres.
Sentei-me. Fui-me descalçando, depois puxei a saia florida para cima e coloquei um pé, molhando primeiro os dedos e logo de seguida o outro, devagarinho.
Sentia nas nádegas as areias que me iam criando crateras na carne. Coloquei as mãos no chão, fechei os olhos e voltei a cabeça para trás, enquanto absorvia o cheiro dos limos e ouvia as rãs a saltar no bordo do poço. Os pés, as pernas faziam movimentos na água.
Mantive-me nesta transcendência até me esquecer de mim.
E assim cheguei a ti.