Lugar remoto de mitos pessoais, onde se vivem e guardam as vontades na sua essência...

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Mai 08

Quis beber sofregamente do poço a água fresca que me iria matar a sede, e que sede eu tinha.

Ajoelhei-me na beirinha, afastei os limos e das minhas mãos fiz uma concha para reter a água. Sorvi a água e enchi novamente a concha, até me satisfazer. Fui molhando a ponta do nariz, os lábios, as faces, o cabelo... Aquela água fresca parecia convidar-me a outros prazeres.

Sentei-me. Fui-me descalçando, depois puxei a saia florida para cima e coloquei um pé, molhando primeiro os dedos e logo de seguida o outro, devagarinho.

Sentia nas nádegas as areias que me iam criando crateras na carne. Coloquei as mãos no chão, fechei os olhos e voltei a cabeça para trás, enquanto absorvia o cheiro dos limos e ouvia as rãs a saltar no bordo do poço. Os pés, as pernas faziam movimentos na água.

Mantive-me nesta transcendência até me esquecer de mim.

 

E assim cheguei a ti.

 

 

publicado por mitho às 09:50

É engraçado olharmos para trás e analisarmos a forma como aqui chegámos, como nos entregámos, como vivemos, como nos demos.

No principio, queremos beber a água fresca. Temos sede, queremos saciar-nos. Fazemo-lo de uma forma contida, mas com um sentimento de urgência.
Tudo acontece naturalmente, como se houve destino, como se não pudéssemos lutar contra as evidências, contra o que está préviamente delineado.

Esquecemo-nos de nos, chegamos ao outro.

A tua analogia, e a forma como a ilustraste aqui, é uma visão pessoal que de tão clara me transportou até ela.

Assim vou chegando a ti.
Assim me perco em ti, e ainda bem!
Francis a 11 de Maio de 2008 às 11:34

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